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A cada 10 transplantes em São Paulo, seis são de córneas

Segundo balanço realizado pela Central de Transplantes estadual, feito em celebração ao Dia Nacional de Doação de Órgãos (27 de setembro), a cada 10 transplantes realizados no estado de São Paulo, seis são de córneas. .

Somente no primeiro semestre deste ano, por exemplo, foram realizados 4.023 transplantes em SP, sendo 2.583 especificamente de córnea. O Estado de São Paulo é o que mais transplanta no país, respondendo por quase metade dos procedimentos feitos no Brasil.

A média se mantém anualmente. No ano passado, foram contabilizados 8.171 procedimentos, dos quais 5.131 correspondiam ao tecido. Em 2017, foram 7.496 transplantes, no total, sendo 4.462 de córneas. Em 2016, 4.776 córneas foram transplantadas, entre um total de 7.681 procedimentos.

O transplante de córnea é o mais realizado pois, além de ser um tecido muito resistente, ele pode ser armazenado por até 14 dias após a doação, facilitando o trabalho das Comissões Intra-Hospitalares de Transplantes (CIHT), que realizam a busca e identificação de doadores potenciais de órgãos e tecidos em parceria com as Organizações de Procura de Órgãos (OPOs).

“A doação da córnea pode, por exemplo, auxiliar na recuperação da visão de diversos pacientes se, além delas, a esclera e as células tronco forem utilizadas. Ela não causa qualquer tipo de desfiguração ao paciente e a retirada do globo ocular ocorre em 30 minutos”, afirma a oftalmologista do Hospital Estadual de Transplantes, Mariana Cunial.

Podem doar córnea pessoas que morreram de parada cardíaca inferior a seis horas ou morte encefálica, com idade igual ou acima de 2 anos e abaixo de 80 anos. Quem tem miopia, astigmatismo, hipermetropia, catarata, glaucoma, conjuntivite já tratada e curada pode também pode ser doador desse tecido.

Após o transplante de córnea, é fundamental ficar em repouso, manter o curativo até o médico retirá-lo, não esfregar o olho, usar os colírios de pós-operatório de acordo com a prescrição médica, utilizar óculos de sol quando exposto à luz solar e dormir do lado contrário ao olho operado.

“A conscientização da população quanto à doação de órgãos e tecidos é fundamental para que mais pessoas sejam atendidas e salvas. Cada doador pode salvar, em média, até sete vidas, doando fígado, córneas, rins, pâncreas, coração e pulmão”, destaca o Secretário de Estado da Saúde, José Henrique Germann.

Atualmente, a doação de órgãos deve ser consentida. Quem quiser ser doador não precisa mais incluir a informação no RG ou na CNH. Basta comunicar os parentes mais próximos sobre o desejo. A autorização para doação deve ser dada por familiares com até o 2º grau de parentesco. Por isso, é fundamental haver diálogo entre as famílias sobre o desejo de ser ou não doador de órgãos, pois isso facilita a tomada de decisão.

Não pode doar o tecido quem tem linfoma ativo, leucemia, hepatites B e/ou C, HIV, infecção generalizada, raiva ou morte de causa desconhecida.

Ainda conforme o balanço da Central de Transplantes de SP, 20% dos procedimentos são de rins, 10% de fígado e o mesmo percentual é verificado em relação ao coração. Os transplantes de pâncreas/rim, pâncreas e pulmão correspondem a menos de 1% dos procedimentos realizados em SP, por corresponderem a uma demanda menor.

No momento, 2.814 pessoas estão à espera de córneas em SP. É a segunda maior demanda depois de rins (14.483), seguida por fígado (793), pâncreas/rins (400), coração (196) e pulmão (99).