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Consumo de álcool e drogas por mulheres é tema de debate

 

Na última quarta-feira (20), foi promovido pelo Conselho Estadual sobre Drogas (Coned) o encontro “Vamos falar sobre o uso de álcool e outras drogas entre mulheres?”. A abertura do evento teve participação do presidente do Coned, Murilo Campos Batisti, que explicou que o órgão aproveitou a proximidade da Semana Nacional sobre Drogas para debater o tema.

“O alcoolismo entre mulheres vem aumentando e a escassez de discussões colabora com o estigma da doença. Vivemos em uma sociedade que ainda é muito machista e por isso o tema tem que ser priorizado”, avalia.

Além disso, quatro painéis temáticos trataram de diversos assuntos. No primeiro deles, o tema “Alcoólicos Anônimos e Mulheres” foi abordado pela socióloga e membro do AA Marta Reis. A especialista destacou a experiência de vida com o vício em álcool e outras drogas. “Ser dependente é estar sempre em vigilância. Um dia de cada vez. É necessário que os espaços para falar dos problemas específicos das mulheres sejam cada vez mais ampliados”, ressalta a socióloga.

Vínculos

Já a professora Zilá Sanches, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), apresentou os Programas de Prevenção ao Uso de Drogas para Meninas. De acordo com a docente, as mulheres recorrem às drogas sintéticas, principalmente medicamentos, em razão de ansiedade, depressão e transtornos alimentares.

“A principal forma de prevenir o uso abusivo de substâncias químicas é o vínculo familiar e estar atento às amizades. O adolescente precisa de demonstrações de interesse, afeto, diálogo e permanecer atento aos amigos”, enfatiza a professora.

“Mulheres, álcool e outras drogas: uma questão negada” foi o tópico levantado pela médica Silvia Brasiliano, responsável pelo Programa da Mulher Dependente Química (Promud). A especialista apresentou um relato sobre a evolução do uso do álcool e outras drogas e ressaltou os malefícios do consumo de drogas (cocaína, crack e maconha) pelas mulheres durante a gravidez, além da perda da guarda dos filhos como uma das consequências.

“A maternidade é um fator fundamental para as mulheres procurarem tratamento. Muitas recorrem às drogas por desemprego, abuso sexual e abandono. É necessário que a cidadã, neste período em que está mais sensível, seja auxiliada por profissionais como psiquiatras e assistentes sociais”, afirma.

Experiência

Durante o encerramento do encontro, Raquel Barros, da ONG Meninas da Lua e responsável pelo Projeto Máscaras, explicou o funcionamento do projeto. “Estimulamos as mulheres que vivem na região da Cracolândia a produzir máscaras que serão estampadas em camisetas. A renda da venda é revertida para elas”, revela.

Raquel Barros também relatou a experiência com mulheres na região central da capital paulista. “Oferecemos para elas um dia de beleza, com maquiagem e esmaltação de unhas, e aproveitamos para conversar, saber o que elas pensam e ajudar no que realmente precisam”, conclui.

O evento teve, ainda, a apresentação um vídeo produzido pela ONG Meninas da Lua, com depoimentos de mulheres que vivem no local sobre as iniciativas da organização não governamental.