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Diagnóstico precoce e seguir recomendações médicas de forma adequada evitam a cegueira pelo glaucoma

A visão é responsável por 90% da comunicação com o mundo exterior, sendo extremamente importante na formação do interior dos indivíduos. É por esse motivo que o medo da cegueira só não supera o temor de um câncer incurável. Ainda assim, nos Estados Unidos, 30% dos pacientes deixam de usar a medicação três meses depois de diagnosticados e quase 70% dos demais se esquecem de pingar o colírio no horário correto ou não lembram um ou mais vezes de fazê-lo.

É importante que se tenha conhecimento de que a visão perdida pelo glaucoma não será mais será recuperada, apesar de todo o conhecimento científico disponível atualmente.

No mundo, existem aproximadamente 11 milhões de pessoas cegas de ambos os olhos e 20 milhões cegas de um olho em decorrência do glaucoma. Segundo a OMS, a cada ano, são registrados 2,4 milhões de novos casos no mundo. Porém, graças aos conhecimentos adquiridos nos últimos anos, a cegueira por glaucoma é evitável na grande maioria dos casos – se não em todos –, desde que diagnosticada precocemente e tratada corretamente.

O Prof. Remo Susanna Jr., Titular do Departamento de Oftalmologia da Faculdade de Medicina da USP explica que “para evitar a cegueira provocada pelo glaucoma é necessário conhecer os motivos mais frequentes que, de forma isolada ou conjunta, são responsáveis por quase todos os casos de perda de visão ocasionados pela doença”. O médico enfatiza que, com estes conhecimentos, os pacientes serão capazes de interagir de modo mais eficaz com seu médico e estabelecer com ele uma parceria indispensável para o controle do glaucoma.

O glaucoma ocorre em 2% dos pacientes brancos e em 7% negros com mais de 40 anos, acometendo 3,5% dos brancos e 12% dos negros com mais de 70 anos. Com o aumento da expectativa de vida da população mundial, esses números serão ainda maiores no futuro próximo. “Estima-se que pessoas com histórico familiar da doença tenham entre seis e dez vezes mais chances de desenvolvê-la”, esclarece o Prof. Remo Susanna Jr., membro do conselho executivo e ex-presidente da Associação Mundial de Glaucoma.

O glaucoma é conhecido como sinônimo de pressão alta no olho. O professor da FMUSP alerta que “esse conceito errôneo persiste até os dias de hoje, sendo uma das principais causas do não diagnóstico e do tratamento inadequado da doença. Além disso, partindo dessa premissa incorreta, o paciente é levado a acreditar que, se sua pressão ocular estiver normal, a doença encontra-se controlada”.

Foi o caso do aposentado Adauto Mendes de Souza, cujo primeiro sintoma foi um incômodo no olho. “Era como um cisco ou muitas vezes parecia um formigueiro, mas por conta do serviço fui deixando passar”, explica. Quando procurou ajuda médica, recebeu o diagnóstico de glaucoma e já não enxergava mais com um dos olhos. Em geral, a perda começa pela visão periférica até atingir a cegueira total.

O Prof. Remo Susanna Jr. Esclarece que “o glaucoma é caracterizado por lesão do nervo óptico, acompanhada ou não de pressão ocular elevada e de defeito de campo visual. Assim, a pressão ocular é considerada o maior fator de risco do glaucoma, mas não pode ser vista como sinônimo da doença”.

“O glaucoma é uma doença que afeta o olho, crônica e que vai evoluindo e matando, lentamente, o nervo do olho”, explica o oftalmologista Rodrigo Cervellini. O tratamento para casos detectados precocemente conta com a aplicação diária e ininterrupta de colírios. Para os casos mais avançados são indicados tratamentos cirúrgicos a laser, menos invasivos e que garantem boa qualidade de vida ao paciente.

Estima-se que o mundo tenha hoje cerca de 60 milhões de pessoas com glaucoma. “É preciso alertar a população para procurar o oftalmologista e solicitar o exame de fundo de olho e pressão intraocular. Quanto mais precocemente descobrirmos o glaucoma, mais fácil será para estabilizarmos a doença e assim salvarmos milhões de pessoas da cegueira irreversível”, enfatiza o oftalmologista Luiz Gonzaga Alexandre, do Hospital Brigadeiro.

“Sou diabético e descobri o problema há 10 anos. Vim aqui no Hospital Brigadeiro – que fica ao lado de casa – para fazer o tratamento. O médico disse, na época, que se eu demorasse mais tempo, poderia perder a visão”, explica o paciente Luis Antonio Damasceno.