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Dieta sem glúten não combate obesidade infantil

Especialista do programa Meu Pratinho Saudável afirma que alimentos com carboidratos, como pães e massas, devem fazer parte de uma refeição equilibrada oferecida às crianças; restrição só se justifica em caso de intolerância ao glúten

 

Retirar o glúten da dieta não ajuda a combater o sobrepeso ou a obesidade infantil. O alerta é do programa Meu Pratinho Saudável, desenvolvido pelo Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP em parceria com a LatinMed.

Segundo a médica Elisabete Almeida, coordenadora do programa, o glúten é uma proteína que está presente em diversos alimentos que devem ser consumidos em quantidades adequadas pelas crianças, como pães, bolachas e massas, entre outros, e que levam em sua composição trigo, aveia, cevada ou centeio.

Esses alimentos, diz a especialista, fazem parte do grupo dos carboidratos, que devem compor 25% do prato e são responsáveis por fornecer energia para o organismo.

“Portanto, quem ingere pouca quantidade de carboidratos pode sentir tontura, cansaço, confusão mental e ter o rendimento reduzido no trabalho, nos esportes, nos estudos e na rotina diária em geral”.

Durante o dia, explica Elisabete, uma criança precisa, em média, de 1.200 kcal, e a quantidade de carboidratos corresponde a 50% disso. “Considerando que cada grama de carboidrato fornece 4 Kcal, uma criança precisa de 150 gramas de alimentos que contenham carboidrato diariamente. Dividindo essa quantidade por seis refeições, chega-se a porções de 25 gramas”

A médica explica que a retirada do glúten da dieta, sem uma orientação médica precisa, vai contra as diretrizes de instituições respeitadas, como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a American Dietetic Association (ADA).

“O glúten isolado não é responsável pelo aumento de peso. Naturalmente, os carboidratos são alimentos ricos em calorias. Por isso, recomendamos escolher as versões integrais dos pães, arroz e massas, e não ultrapassar a recomendação diária, de seis porções, distribuídas entre as principais refeições do dia”, afirma a coordenadora do Meu Pratinho Saudável.

Segundo a especialista, não há relatos na literatura médica que comprovem o acúmulo de glúten no intestino, uma das justificativas mais usadas para a prescrição da dieta sem ele. “A única restrição com respaldo científico é para as pessoas que têm sensibilidade ao glúten ou doença celíaca, mediante a realização de exames e por orientação do médico”, conclui.

         Meu Pratinho Saudável

O programa Meu Pratinho Saudável é voltado para crianças de seis meses a 10 anos e tem como objetivo combater o excesso de peso na população infantil e facilitar o entendimento do que é uma alimentação saudável. Sua metodologia ensina: metade do prato da criança nas refeições principais deve ser preenchido com verduras e legumes (crus e cozidos) e a outra metade, dividida em 1/4 de alimento rico em proteínas e 1/4 de alimento rico em carboidratos.

O café da manhã e os lanches devem conter pelo menos um alimento rico em proteínas, um alimento rico em carboidratos e um alimento de origem vegetal: fruta, verdura ou legume.