Jorge Kalil, primeiro de um país em desenvolvimento, toma posse no dia 27 e acredita que o Brasil ganhará representatividade e visibilidade na área de Imunologia
Com a proposta de aumentar a abrangência da Imunologia como ciência no mundo, visando que as novas descobertas se traduzam em melhorias diretas para a saúde da população, o diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil, tomou posse nesta terça-feira, 27 de agosto, em Milão, da presidência da União Internacional das Sociedades de Imunologia.
Segundo Kalil, o Brasil tende a ganhar representatividade e visibilidade na área de imunologia nesta gestão. “Esta ciência estuda as defesas do organismo contra agressões do meio ambiente e é fundamental na compreensão da resposta anti-infecciosa, contra o câncer, na tolerância ao transplante de órgãos, nas alergias e nas doenças autoimunes como diabetes, reumatismos, por exemplo. Estes estudos levam ao desenvolvimento de vacinas que tanto contribuem para a saúde infantil e cada vez mais evitam também doenças da vida adulta e vários tipos de medicamentos biológicos, como anticorpos monoclonais, a maior conquista atual contra o câncer. Nós aumentaremos as oportunidades de intercâmbio entre profissionais brasileiros com grandes institutos do mundo, possibilitando que nossas pesquisas sejam cada vez mais competitivas”, afirma.
Outra proposta de Kalil é fazer com que a imunologia chegue a locais de baixa renda e difícil acesso a informação, auxiliando esses locais a buscar suas próprias soluções. O novo diretor também pretende trabalhar para influenciar decisões de grandes instituições mundiais que trabalham em áreas afins.
Kalil era vice-presidente da entidade e substitui Stefan Kaufmann, diretor do Max Planck Institute da Alemanha. É a primeira vez que um cientista de um país em desenvolvimento preside a entidade que reúne imunologistas de todos os continentes e mais de 70 países.
Com perfil inovador e empreendedor, Kalil reestruturou as fábricas de vacinas do Instituto Butantan e investiu em novas tecnologias para a produção de medicamentos biológicos e de novas vacinas. Neste ano, a instituição completou o processo de transferência de tecnologia da vacina contra a Influenza e será o responsável pela produção da vacina para a prevenção do câncer do colo do útero – HPV, que será disponível para a rede pública a partir de 2014. Membro da Academia Brasileira de Ciências e Grand Cruz da Ordem do Mérito Científico, também é professor titular da Faculdade de Medicina da USP. Possui grande produção científica e estuda imunologia de transplantes e de doenças autoimunes e está diretamente implicado no desenvolvimento de vacina contra AIDS e Febre Reumática. É o coordenador do Instituto de Investigação em Imunologia, um dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia.