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Emílio Ribas cria ‘IMC’ exclusivo para paciente com Aids

Ferramenta evita que riscos nutricionais sejam ‘mascarados’ no diagnóstico e será apresentada em congresso internacional em setembro; estudo avaliou mil pacientes

O Instituto de Infectologia Emílio Ribas, unidade da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo referência nacional no tratamento de doenças infectocontagiosas, desenvolveu uma ferramenta de classificação do estado nutricional específica para pacientes soropositivos, que torna mais preciso o diagnóstico e tratamento de pacientes que estão com complicações nutricionais em função da Aids.

A nova classificação adotada para os pacientes do Emílio Ribas poderá servir como projeto piloto para o acompanhamento nutricional de todos os pacientes de Aids na rede pública de saúde do Estado de São Paulo.

Ela funciona nos moldes do popular IMC (Índice de Massa Corpórea) com a classificação da Organização Mundial de Saúde, porém levando em consideração fatores extras utilizados em instrumentos de Triagem Nutricional. Na classificação do hospital, são considerados também o percentual de perda de peso do paciente e a circunferência do braço.

Segundo Andrea Zumbini Paulo, diretora do Serviço Técnico de Nutrição do Instituto Emílio Ribas, a nova classificação foi baseada em um estudo com mil pacientes do próprio hospital. O estudo indicou a necessidade de utilizar uma ferramenta mais sensível no diagnóstico de risco nutricional e desnutrição.   “Na prática hospitalar, o IMC sozinho não é um bom instrumento, principalmente para nossos pacientes, já que ele não distingue o peso muscular e a gordura corporal, não sendo indicado também na presença de edemas”, disse Andrea.

Ela explica, por exemplo, que um paciente com quadro de sobrepeso que perde muitos quilos em um curto intervalo de tempo está correndo risco nutricional. Com o IMC convencional, no entanto, o sobrepeso iria mascarar o problema.

O novo instrumento, além de detectar o risco nutricional, diagnostica a desnutrição precocemente e foi capaz de prever maior tempo de internação desses pacientes. Com isso a equipe tem condições de fazer uma intervenção mais rápida e planejada que oferecerá, dentre outras medidas, a suplementação nutricional específica, a intensificação do acompanhamento profissional e a dieta específica para atender as necessidades do paciente soropositivo. Sem o tratamento nutricional adequado, o paciente fica suscetível à queda na resistência e, portanto, às infecções oportunistas, além de potencializar riscos de úlcera por pressão, por exemplo.

O novo instrumento foi desenvolvido pela equipe de nutrição, também considerando o uso de ferramentas simples do dia a dia, como balança e fita métrica.

A primeira parte do estudo foi apresentada no 35º Congresso da Sociedade Europeia para Nutrição Clínica e Metabolismo (Espen), em Leipzig, na Alemanha e, oficialmente, durante a 6ª Jornada de Nutrição em HIV/Aids no Brasil, no ano passado. Em setembro a conclusão do trabalho será apresentada no 37º ESPEN, que ocorrerá em Lisboa, Portugal.