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Faculdade de Medicina da USP realiza VI Simpósio Zebrafish

Entre os dias 26 e 28 de setembro, foi realizado na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), o VI Simpósio Zebrafish como Modelo Animal para Pesquisa.

O pesquisado e professor Michael Kent, da Universidade de Oregon (Estados Unidos), que trabalha com o zebrafish há mais de 20 anos, declarou que “hoje, o modelo é aceitável e está em segundo lugar como animal mais utilizado em pesquisas no mundo”. Kent afirmou que esse peixe “apresenta 70% dos genes semelhantes aos humanos, e essa similaridade se intensifica no nível molecular”.

A proposta do simpósio foi de proporcionar a troca de experiências e conhecimentos sobre aspectos da utilização do peixe zebrafish na área científica.

A cientista Rita Fior, da Fundação Champalimaud, líder de um grupo de pesquisa que investiga como o zebrafish pode auxiliar médicos a definirem o melhor tratamento para pacientes oncológicos, disse que a escolha do peixe foi pela rápida resposta do animal, se comparado com outros modelos vivos. “Estamos ainda em fase de pesquisas, mas a expectativa é chegar a definições que ajudem os médicos a escolherem a melhor terapia de tratamento para aquele paciente em particular”.

Outro convidado especial, Jean-Philippe Mocho, cirurgião veterinário do Instituto Francis Crick (Inglaterra) e membro da Federação de Laboratórios Europeus de Associação de Animais Científicos, falou que o modelo de uso do zebrafish é similar, apesar das estruturas laboratoriais no Brasil serem pequenas, se comparadas com Estados Unidos e Europa. Ele destacou que “existem boas iniciativas de inovação por parte dos brasileiros e uma abertura para cooperação”.

Pesquisa inédita para descobrir água contaminada

No ano passado, um estudo inédito realizado no Instituto Butantan com a ajuda de embriões do zebrafish identificou que as águas utilizadas para o abastecimento do município de Campina Grande, na Paraíba, são inapropriadas para uso. É a primeira vez que o Butantan utiliza o peixe-paulistinha (como ele também é conhecido) em um teste para medir a presença de toxinas da água.

“Me assustei com os resultados. Algumas amostras causavam letalidade e muitas vezes constatávamos a morte dos peixes após 24h de teste. Outras amostras causaram sérias anomalias como edema cardíaco e malformação da boca, dos olhos e da coluna vertebral”, conta Mônica Lopes Ferreira, responsável pela pesquisa no Butantan. “Se a água não é boa para o peixe, ela também não está boa para o consumo humano”.

Para o responsável pelo trabalho no Rio de Janeiro, o pesquisador Fabiano Thompson, do Coppe, a seca prolongada na região de Campina Grande associada à alta concentração de nutrientes na água são fatores que podem propiciar a floração de microrganismos tóxicos presentes nos reservatórios. “O estudo demonstrou que açudes submetidos a longos períodos de seca estão sujeitos à proliferação de microrganismos tóxicos. A água poluída destes açudes representa seríssima ameaça à saúde humana”, afirma Thompson.