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Fornecida pelo Butantan, vacina contra HPV protege contra diversos tipos de câncer

HPV é a sigla em inglês para o Papilomavírus Humano. Existem mais de 150 tipos conhecidos, sendo a maioria inofensiva. No entanto, alguns podem causar lesões na pele e na mucosa (normalmente verrugas) e, especificamente dois deles – dos tipos 16 e 18 – estão associados ao surgimento de alguns tipos de câncer. A principal forma de transmissão do vírus é por relação sexual desprotegida.

Estudos indicam que cerca de 70% a 80% da população sexualmente ativa vá adquirir o vírus em algum momento de sua vida. “O HPV está presente em mais da metade da população brasileira e muita gente não sabe que tem porque, em muitos casos, ele é assintomático. O vírus pode ficar latente por anos sem desenvolver um sintoma ou quadro clínico específico”, explica a pediatra e gerente médica e de produtos do Instituto Butantan Maria Fernanda Giacomin.

Quando se fala em HPV, logo se relaciona ao câncer de colo uterino em mulheres. De fato, ele é responsável por 99% dos casos e, de acordo com levantamento do Instituto Nacional de Câncer (Inca), de 2018, esse é o terceiro tipo mais frequente da doença entre as brasileiras e o 4º que mais mata.

Mas é importante destacar que o vírus pode causar outros tipos de tumores, que acabam sendo negligenciados pela população. São eles: os de vulva e vagina, em mulheres, de pênis, em homens, e de ânus em ambos os gêneros. “Estudos mais recentes têm demonstrado que o HPV também está relacionado a tumores da cavidade oral, como boca e amídala. O que se tinha de conhecimento é que esse tipo de câncer era mais comum na população adulta, com mais de 50 anos, geralmente relacionado ao tabagismo e etilismo. Hoje em dia, o que estão vendo em alguns centros, principalmente privados, é que está ocorrendo também em uma população mais jovem, de 30 a 40 anos, que não faz uso de álcool e nem cigarro, relacionando, portanto, ao HPV”, alerta Maria Fernanda.

Esses dados preocupantes levaram o Ministério da Saúde, em 2014, a incorporar a vacina fornecida pelo Instituto Butantan, contra 4 tipos do vírus (6, 11, 16 e 18), ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) e oferecê-la gratuitamente, via Sistema Único de Saúde (SUS), para meninas entre 9 e 14 anos. Em 2017, o público foi ampliado também para meninos entre 11 e 14 anos. A vacina é aplicada em duas doses, num intervalo de seis meses.

Segundo Maria Fernanda, a vacinação é a maneira mais eficaz de se prevenir a infecção, lesões e cânceres causados pelo vírus. A médica esclarece ainda que existem dois motivos para o foco da vacinação ser nessa faixa etária. “Um deles é a iniciação sexual que tem acontecido mais cedo entre os adolescentes, então, é um modo de já deixá-los protegidos antes disso. Outra razão é que é comprovado que, quanto mais cedo se aplica a vacina, melhor a resposta imune dela no organismo.”

No entanto, a adesão à vacinação contra o vírus é muito baixa em todo o país, especialmente entre os meninos. Segundo dados levantados pelo Ministério da Saúde recentemente, apenas 42% das adolescentes do sexo feminino tomaram as duas doses recomendadas da vacina. Quando se trata do sexo masculino, o percentual é ainda menor: 21%. Números muito abaixo da meta de cobertura de 80% pretendida pela pasta e que preocupam especialistas.

“Na maioria dos casos, as infecções são eliminadas espontaneamente pelo organismo, sem qualquer sinal ou lesão. Entretanto, alguns tipos de HPV podem causar verrugas genitais e, quando persistentes, o câncer”, explica a Profa. Luisa Lina Villa, chefe do Laboratório de Inovação em Câncer do Icesp..

“O desconhecimento sobre a oferta dessa vacina no SUS é a principal razão para essa adesão tão baixa, especialmente no caso dos meninos, que entraram como público-alvo mais recentemente. Essa dificuldade aumenta porque as pessoas só associam o HPV ao câncer de colo do útero, quando outros tipos de câncer que acometem o sexo masculino também estão relacionados. Se os pais e os próprios adolescentes tivessem esse conhecimento dos riscos de não vacinar pro futuro e que nós temos essa vacina gratuitamente disponível para essa faixa etária, talvez a gente mudasse essa estatística”, acredita a médica.

 

Vacina HPV

A vacina adotada pelo Ministério da Saúde é a quadrivalente, fornecida pelo Instituto Butantan, e protege contra o HPV de baixo risco (tipos 6 e 11, que causam verrugas anogenitais) e de alto risco (tipos 16 e 18, que causam câncer de colo uterino, de pênis, anal e oral).

 

Quem pode tomar?

Pelo SUS a vacina está disponível gratuitamente para:

– Meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos;

– Pessoas que vivem HIV;

– Pessoas transplantadas na faixa etária de 9 a 26 anos;

 

Existem efeitos colaterais?

A vacina HPV quadrivalente é segura e os eventos adversos pós-vacinação, quando presentes, são leves e autolimitados. Eventos adversos graves são muito raros.

 

As mulheres e homens que já tiveram diagnóstico de HPV podem se vacinar?

Sim, desde que estejam na faixa etária elegível. Existem estudos com evidências promissoras de que a vacina previne a reinfecção ou a reativação da doença relacionada ao vírus nela contido.

 

O que é necessário apresentar para se vacinar?

Para vacinar, é necessário apenas ir a um posto de saúde e apresentar a carteira de vacinação . Caso não tenha, ela pode ser solicitada a um profissional da saúde na hora da vacina.

 

Os adolescentes podem tomar a vacina sem a autorização dos pais?

Para adolescentes que irão fazer a primeira dose nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), não há necessidade de autorização escrita ou acompanhamento dos pais ou responsáveis.