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HC procura voluntários para testar vacina contra zika

O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP está buscando voluntários para participar de testes com uma inédita vacina contra o vírus da zika, desenvolvida pelo Centro de Pesquisa de Vacinas do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos.

A doença apontada como uma das causas da microcefalia em bebês virou uma importante questão de saúde pública no País após o surto do vírus em 2015.

O doutor Jorge Kalil, professor de Imunologia Clínica e Alergia da Faculdade de Medicina da USP e diretor do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração, conta que a “doença continua a afetar pessoas e que há risco de um novo surto no País. A prevenção, nesse caso, é a forma mais eficaz de se combater o vírus”.

Adolescentes e adultos saudáveis, entre 15 e 35 anos, e moradores de São Paulo podem se cadastrar para a pesquisa pelo telefone 2661-7214 de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. Kalil lembra que não há risco de infecção pelo teste, já que se trata de uma vacina de DNA: sem agentes infecciosos, apenas com código genético do vírus para indução de resposta imunológica do organismo.

Outros estudos

A Universidade de São Paulo (USP) tem desenvolvido uma série de estudos sobre o vírus. Uma recente pesquisa desenvolveu uma nova técnica para detecção do Zika e da dengue sem o uso de equipamentos.

O novo método possibilita a uma enzima adaptada detectar seu alvo diretamente em fluidos corporais como saliva, urina ou sangue. As amostras podem então ser processadas por Sherlock e os resultados finais, positivos ou negativos, são facilmente visualizados em tiras de papel.

“Ferramentas rápidas e sensíveis são essenciais para diagnosticar, monitorar e caracterizar uma infecção. Este sistema está nos aproximando ainda mais de um diagnóstico rápido e fácil de usar, que pode ser implantado em qualquer lugar”, conta Pardis Sabeti, coordenador do estudo, em comunicado do Broad Institute.

A validação do novo sistema foi feita com amostras de pacientes brasileiros coletadas no âmbito de um projeto apoiado pela FAPESP e coordenado por Maurício Lacerda Nogueira, professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp).

“Temos feito estudos epidemiológicos com a dengue nos últimos 15 anos e, mais recentemente, também com o Zika. Isso nos permitiu ter uma coleção de amostras muito grande e bem caracterizada”, diz Nogueira.

Zika vírus como aliado?

Um estudo brasileiro mostrou, de forma inédita em um modelo vivo, que o vírus Zika pode ser usado como ferramenta no tratamento de tumores humanos agressivos do sistema nervoso central. A pesquisa conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e foi publicada na revista especializada norte-americana “Cancer Research”.

Após injetar pequenas quantidades do patógeno no encéfalo de camundongos com estágio avançado da doença, os cientistas observaram uma redução significativa da massa tumoral e aumento da sobrevida dos animais. Em alguns casos, houve a eliminação completa do tumor, até mesmo de metástases na medula espinal.

“Estamos muito animados com a possibilidade de testar o tratamento em pacientes humanos e já estamos conversando com oncologistas. Também submetemos uma patente com o protocolo terapêutico adotado em roedores”, relata Mayana Zatz, professora do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP) e coordenadora do Centro de Pesquisas do Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CEL), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão apoiado pela Fapesp.