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Hospitais paulistas batem recorde de transplante; saiba mais sobre o processo

O paulista está se conscientizando sobre a importância de doar órgãos. A Central de Transplantes do Estado de São Paulo pode se orgulhar de ter quase metade dos transplantes realizados em todo Brasil. Em suas duas décadas de atividades, completadas ano passado, a instituição vinculada à Secretaria de Estado da Saúde chegou a 107 mil transplantes. Só em 2017 foram 2,2 mil transplantes simples, incluindo coração, pâncreas, fígado, pulmão e rim.

Para a coordenadora da instituição, Marizete Medeiros, a organização e o suporte dado pela Central de Transplantes é o que a coloca em posição de destaque no cenário nacional. “Nossa maior conquista é ter um sistema estruturado, capaz de garantir todos os princípios e equidade com essas pessoas”, afirma. “Comemoramos também o aumento de 22% do número de doadores em 2017 em relação a 2016”, completa a coordenadora.

Por trás de toda essa organização mencionada por Marizete Medeiros, há um processo rigoroso, uma distribuição técnico-científica que envolve metodologia apurada, tecnologia e organização impecável. “O mais importante da central é sua capacidade de distribuir órgãos doados, o que significa que, através de um programa de computador, listamos o nome dos pacientes que estão classificados pela maior compatibilidade com o doador, pelo tempo de espera, pela maior necessidade do transplante”, explica o coordenador do sistema estadual de Transplantes da Secretaria de Estado da Saúde, Agenor Spallini Ferraz, que ressalta a necessidade de sinalizar em vida a intenção de doar órgãos para ocasiões como a morte encefálica.

 

IMPORTÂNCIA DE DOAR

Nesses casos, de morte cerebral, entra em atividade a Organização de Procura de Órgãos (OPO) da Faculdade de Medicina da USP, cuja função principal é viabilizar a doação de órgãos e tecidos para transplantes. “Nossa equipe vai até o hospital onde encontra o potencial doador, seja no Hospital das Clínicas ou na região. Lá avaliamos o caso e entrevistamos a família para o consentimento à doação”, explica o médico coordenador da Organização, Leonardo Borges de Barros e Silva.

Somente os parentes mais próximos, de primeiro e segundo grau, podem autorizar a doação de órgão do paciente, mas esse processo pode ser bem menos complicado se, em vida, o doador deixa clara a sua vontade. “Independente do que se falou ou registrou em vida, precisarei da assinatura do familiar, mas fica muito mais fácil se ele ou ela sabem da vontade do paciente”, completa Silva.

NO INTERIOR

Entretanto, as notícias boas não vêm só da capital. Em Campinas, o Hospital da Unicamp é outra referência. No ano passado, o órgão bateu recorde ao registrar 485 transplantes, 134 a mais do que em 2016, ou 38% de alta. A Organização de Procura de Órgãos (OPO-HC) também teve um 2017 de comemorações em relação a 2016, com 371 notificações contra 334 e 132 doadores contra 97. Desde 1984, já foram realizados 6.753 transplantes.

Na visão do coordenador da OPO e neurologista, Luiz Antonio da Costa Sardinha, os resultados têm relação direta com a disponibilidade de órgãos no Estado.“A Organização de Procura de Órgãos do HC da Unicamp atua no incentivo do aumento do número de doadores reforçando que a atuação da família doadora é fundamental em todo esse processo. Acrescentamos ainda que, sem doador, não há transplantes”, enfatiza o especialista, sobre a árdua missão de convencimento da família em um momento difícil.