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Nova rotulagem em alimentos pode orientar consumidor sobre quantidade de açúcar e sódio

 

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) coordena um processo de revisão de normas para a adoção de um novo modelo de rotulagem nutricional dos alimentos no Brasil desde o ano passado. A medida visa facilitar a compreensão do consumidor sobre o que ele está comprando e trazer orientações claras para escolhas mais saudáveis.

Dados inéditos do Vigitel apontam que o excesso de peso atingiu 54% da população nas capitais do país e 18,9% estão obesos, em 2017, um aumento de 36% e 42%, respectivamente. Os dados são do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL 2017), do Ministério da Saúde.

A discussão de um novo modelo de rotulagem está sendo conduzida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com a participação de universidades. A meta é que ao final do processo seja feita uma consulta pública com a sociedade. A proposta é que o rótulo deve ficar na parte frontal com advertências em relação ao excesso de nutrientes que podem trazer malefícios a saúde, como sódio, gordura e açúcares.

Para isso, o Brasil vem acompanhando de perto também políticas fiscais e regulatórias de outros países que buscam a redução do consumo de açúcar, bem como avaliando e estimulando estudos nacionais sobre o impacto potencial destas políticas para fortalecer essas agendas nacionalmente.

Acordo para redução de açúcar

O Ministério da Saúde, ainda, vem desenvolvendo ações estratégicas de alimentação e nutrição para promover e proteger a saúde dos brasileiros. Entre as iniciativas em discussão com a indústria, está o Plano Nacional de Redução do Açúcar em Alimentos Industrializados. O modelo é similar ao adotado com o setor para redução de sódio em que foram retiradas 17 mil toneladas entre 2008 e 2016.

A proposta tem como objetivo o enfrentamento ao excesso de peso e à obesidade, que apresentam níveis preocupantes na população brasileira.

Câncer

Na avaliação de José Eluf Neto, professor titular da FMUSP, o impacto da obesidade está diretamente relacionado com o desenvolvimento de câncer.

De acordo com o artigo publicado na “Cancer Epidemiology”, as vendas de produtos ultraprocessados cresceram 103% em toda a América Latina entre os anos de 2000 e 2013, acompanhadas de um consequente aumento no IMC nos países da região. Para os autores, reverter esse quadro exige políticas públicas como a regulamentação de imposto, rotulagem nutricional e restrição de marketing de alimentos ultraprocessados.

“Esse crescimento de vendas na América Latina retrata uma estratégia da indústria de alimentos, assim como foi, ou tem sido, a da indústria de tabaco. Quando alguns países começam a regular minimamente a venda e publicidade desses alimentos, eles partem para regiões em que as leis ainda não foram estruturadas para promover a saúde da população”, analisa Leandro Rezende, doutorando na FMUSP.

Hipertensão

Além da presença de açúcar, os produtos ultraprocessados podem conter altos níveis de sódio. Alguns alimentos parecem inofensivos. É o caso dos queijos, temperos prontos, manteigas e margarinas e o macarrão instantâneo. Karin Klack, da Divisão de Nutrição e Dietética do Instituto Central do Hospital das Clínicas da FMUSP, recomenda “ler a rotulagem para ver a quantidade de sódio presente e trocar, sempre que estiver disponível, por alimentos em versões sem sal”.

 

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