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Núcleo de Bioinformática é criado para fortalecer pesquisas no IB

A Diretoria Técnica do Instituto Butantan e a Divisão de Desenvolvimento Científico (DDC) oficializaram, no último dia 18 de abril, a criação do Centro de Bioinformática e de Biologia Computacional, que terá como missão o desenvolvimento de pesquisas de ponta em bioinformática, área que utiliza computadores e softwares de alto rendimento em pesquisas biológicas.

“Esse é um passo muito importante para a pesquisa e para os pesquisadores do Butantan. É uma proposta nova e desafiadora, é uma tentativa de dar fluxo às respostas científicas e de ter um núcleo organizado”, explicou Sandra Coccuzzo, diretora da DDC.

O corpo técnico é formado por profissionais experientes, todos doutores, nessa área do conhecimento, que nas últimas décadas vem modelando o fazer científico em instituições de todo o mundo.

Em sua formação inicial, o Centro contará com quatro pesquisadores: Enéas Carvalho, do Laboratório de Bacteriologia; José Patané e Marcelo Reis, ambos do Laboratório Especial de Ciclo Celular (LECC); e Milton Nishiyama-Jr., do Laboratório Especial de Toxinologia Aplicada (Leta). Suas principais linhas de atuação são em Biologia Sistêmica e Aprendizado de Máquina, assim como em análises in silico (realizadas com uso de computadores) em Genômica, Transcriptômica e Proteômica.

“Hoje há pesquisas que geram dados que não podem ser analisados sem um computador. O chamado Big Data está batendo na porta de todo mundo, pois, cada vez mais, pesquisadores querem que suas análises em laboratório revelem tudo ao mesmo tempo, não somente uma ou duas partes de uma célula”, explicou Enéas Carvalho.

Big Data é o termo utilizado para se referir a enorme quantidade de dados estruturados e não estruturados gerados a cada segundo. “A palavra-chave da bioinformática é a integração de dados. Atualmente tem-se produzido muito dado biológico, bioquímico e biofísico em pesquisa, então a grande ideia que se tem em relação a isso é poder integrar e transformar toda essa informação heterogênea em um resultado que possa ser interpretado e compreendido. O objetivo é estudar e relacionar todos esses dados para avançar a pesquisa”, explicou Milton Nishiyama-Jr.

A bioinformática é, portanto, uma área de conhecimento aplicável em diversas instituições, como laboratórios de análise clínica, empresas de biotecnologia, bioquímica ou farmacêutica, e também hospitais.

Com a criação de um centro de bioinformática próprio, foi comprado um servidor de grande porte para uso nas atividades da área, e que também atenderá outras demandas do IB, sendo gerenciado por David da Silva Pires, administrador de servidor dedicado a essa função.

A compra do servidor foi feita com Recursos da Reserva Técnica, que é um valor concedido pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) por meio de projetos de fomento destinados ao Butantan. “Esse é um dinheiro público que deve ser bem aplicado, contribuindo para o desenvolvimento de projetos impactantes ligados à pesquisa básica, aplicada e em resoluções de problemas da saúde publica”, ressaltou Sandra Coccuzzo.

A projeção da equipe técnica é de que o Centro fique integrado ao novo espaço destinado aos laboratórios da DDC, projeto que já está em andamento.

 

A bioinformática e o Big Data

De acordo com os pesquisadores do novo Centro, a bioinformática é uma área de conhecimento e não simplesmente uma plataforma de soluções tecnológicas. Sua importância cresce juntamente com o aumento da geração de dados em larga escala.

“A bioinformática é um conhecimento para ser aplicado na área de biologia. Quando se começou a gerar um grande volume de dados de sequenciamento, por exemplo, foi necessário recrutar cientistas da computação, estatísticos e matemáticos para desenvolverem softwares e ferramentas que auxiliassem nessas análises”, explicou Milton.

O bioinformata surgiu então da interação entre áreas, como é o caso de Marcelo Reis, cientista da computação que atua de forma multidisciplinar no Butantan. “No nosso trabalho colaboramos em projetos que vão desde a pesquisa básica, passando pela aplicada e chegando à produção”, explicou Marcelo.

Uma das grandes vantagens de criação do Centro também está no seu potencial de formar especialistas no assunto. “O Centro contribuirá com a formação de alunos, que poderão entender como aplicar esse conhecimento no trabalho e laboratório. Essa é uma forma de expandir o conhecimento em bioinformática e ampliar grupos que trabalham com isso”, ressaltou José Patané.

Para Sandra Coccuzzo, a chave estará na sinergia entre pesquisadores. “O compromisso que justificou a criação do Centro foi também o da integração entre profissionais para que possa haver expansão dessa área. Nosso objetivo é que esses cientistas tenham autonomia de linha de pesquisa, sejam criativos e produtivos, mantendo-se na fronteira do conhecimento e contribuindo com os seus pares”, finaliza.