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OMS quer erradicar gordura trans; conheça os principais males

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta semana um plano para erradicar a gordura trans dos alimentos em todo o mundo até 2023. Segundo a organização, essa atitude poderia salvar a vida de 10 milhões de pessoas.

As gorduras são divididas basicamente em três grupos: as insaturadas, as chamadas boas gorduras, as saturadas e trans, as ruin. A gorduras trans, no entanto, é a pior delas. O motivo de se considerada como uma grande vilã da nossa alimentação é sua origem.

“A OMS pede aos governos que usem o pacote de ação REPLACE para eliminar os ácidos graxos trans produzidos industrialmente do suprimento de alimentos”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em comunicado oficial. “A implementação das seis ações estratégicas do REPLACE ajudará a alcançar a eliminação da gordura trans e representará uma importante vitória na luta global contra as doenças cardiovasculares”.

“A gordura trans é uma gordura, digamos, artificial. Ela é proveniente dos óleos vegetais e foi uma forma da indústria conseguir a consistência de uma gordura que é líquida”, explica a nutricionista do Instituto do Câncer de São Paulo, Débora Pereira dos Santos.

Por ser uma gordura que o corpo não reconhece, ela ativa uma série de efeitos no organismo, como resistência em insulina e atividade pró-inflamatória, que é associada a doenças cardiovasculares, ao diabetes e ao câncer.

“A gordura saturada já é uma gordura nociva ao corpo humano, mesmo sendo de origem natural, principalmente por aumentar o colesterol ruim. Mas a gordura trans consegue ser ainda pior, porque, além de aumentar o colesterol ruim, ela consegue diminuir os níveis de colesterol bom”, alerta Débora.

Obesidade

A gordura trans pode ser encontrada em sorvetes, produtos de confeitaria e outros produtos industrializados, como as bolachas recheadas, por exemplo. Esse tipo de gordura é tão utilizado pela indústria alimentícia por conferir cocrância e aumentar o tempo de validade.

Os alimentos acima estão entres os favoritos da maioria das crianças. Mas a ingestão frequente desses produtos pode acarretar em sérios problemas de saúde, decorrentes da obesidade.

“A obesidade infantil é uma doença que causa problema sérios, como hipertensão, colesterol alto e diabetes. Por isso, é tão importante as crianças e adolescentes saberem fazer refeições saudáveis, e levarem esses hábitos para dentro de casa”, diz a Dra. Elisabete Almeida, coordenadora do programa.

Câncer

Uma vez que a ingestão de gordura trans está associada à obesidade, este problema está associado diretamente a vários tipos de câncer. Um estudo recente brasileiro confirma a associação da obesidade com 14 tipos da doença.

O excesso de peso e a obesidade se diferenciam de acordo com o grau de acumulação de gordura no corpo. A primeira condição acontece quando a pessoa está entre 10% e 20% acima do peso normal, ou seja, na tabela do IMC, ela pontua entre 25 e 30. Já a obesidade acontece quando o peso está superior a 20% do peso ideal, com IMC igual ou superior a 30.

Segundo projeções feitas pela IARC, devido ao envelhecimento populacional, existe uma previsão de que o número de novos casos de câncer passe de 430 mil em 2012 para 640 mil em 2025. O estudo da USP mostrou que no período de 2002 a 2013 houve um aumento importante na prevalência de excesso de peso no Brasil, explica Leandro Fórnias Machado de Rezende, um dos pesquisadores envolvidos no trabalho. Utilizando essas informações, “estimamos que aproximadamente 29 mil novos casos de câncer que ocorrerão em 2025 (5% do total de casos) estarão associados ao excesso de peso e à obesidade”, relata.

Segundo Rezende, “já se sabia que o excesso de peso e a obesidade vinham aumentando no Brasil, no entanto, a magnitude de casos de câncer relacionados a esse aumento se mostrou alarmante”, explica. Em breve, caso esse problema não seja enfrentado com a seriedade necessária (como o controle do tabagismo), o excesso de peso será a principal causa de câncer no Brasil, relata. Um IMC maior que 22 já está associado a um risco aumentado para neoplasias malignas.