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Primeiro transplante de coração no Brasil completa 50 anos

No último dia 25 de maio, o Hospital das Clínicas da FMUSP celebrou 50 anos do primeiro transplante de coração feito no Brasil. A operação é um marco para a evolução da cardiologia brasileira, fixando bases sólidas para a criação do InCor (Instituto do Coração), em 1977.

O evento, realizado no Anfiteatro Prof. Dr. Fúlvio Pilleggi, contou com a presença de autoridades, Diretores-Executivos, Professores Titulares, médicos e funcionários. O Vice-Presidente do Conselho Diretor do InCor e Diretor do Serviço de Cirurgia Torácica, Prof. Dr. Fábio Jatene, recorda ter 13 anos de idade, quando acompanhou com total atenção o intenso noticiário sobre o primeiro transplante há meio século.

“O primeiro transplante trouxe foco ao tratamento de doenças cardiovasculares. O sonho de ter um instituto que pudesse tratar esse tipo de problema foi se concretizando”, conta ele.

Em 26 de maio de 1968, o paciente João Ferreira da Cunha, o “João Boiadeiro” recebeu um novo coração em procedimento sob comando das equipes do Prof. Dr. Euryclides de Jesus Zerbini (Cirurgia Cardiotorácica) e Prof. Dr. Luiz Venere Décourt (Clínica).

Dez anos depois, em 1978, o jovem Fábio, filho do Prof. Dr. Adib Jatene (1929-2014), formou-se médico, especializando-se em Cirurgia Torácica e Cirurgia Cardiovascular, passando a atuar no Instituto do Coração.

Sobre a celebração do primeiro transplante, o Presidente do Conselho Diretor do InCor, Prof. Dr. Roberto Kalil Filho destacou os avanços em favor do transplante cardíaco, como os novos medicamentos contra a rejeição e os ventrículos artificiais portáteis que ajudam a prolongar, por mais cinco anos, a vida de quem aguarda um transplante. “Esse transplante não foi só importante para a construção do InCor, mas também para o avanço da medicina do País”

Hoje, o InCor tornou-se o sétimo centro mundial em transplantes cardíacos. Em 2016, o número de transplantados passou de 1.000. No momento, há 62 pessoas aguardando cirurgia, das quais 10% sob alta prioridade, pois dependem de aparelhos e medicamentos. Em 2013, o InCor criou o Núcleo de Transplantes, formado por equipe de médicos, cirurgiões e enfermeiros. A dedicação é exclusiva, sempre 24 horas por dia, para a realização de transplantes de coração e também de pulmão.

“Pouca gente sabe disso, mas o InCor conta com 10% de sua estrutura dedicada à pesquisa. Não existe outro hospital onde 10% de sua área é centrado em pesquisa”, comenta José Eduardo Krieger, Presidente da Comissão Científica do InCor.

O Instituto do Coração potencializou a logística de captação de órgãos, tanto de coração quanto de pulmão, permitindo a ampliação da busca de órgãos em locais distantes. No ano passado, por exemplo, foi possível localizar um doador em Uruguaiana, junto à fronteira com Uruguai e Argentina

A primeira experiência de sucesso há cinco décadas possibilitou que muitos outros casos tenham sido igualmente bem sucedidos. Como é o caso de Maria Conceição Santa, funcionária do InCor há 30 anos e transplantada.

“Depois de todo esse período, com 30 anos de Insitituiçao, falar sobre minha vitória é um momento único”, conta ela.

Duas gerações de equipes do transplante recebem homenagem

A cerimônia no InCor homenageou com a Medalha Comemorativa dos 50 anos do Primeiro Transplante os pioneiros: Prof. Dr. Euclydes Marques; Prof. Dr. Fulvio Pilleggi; Prof. Dr. Noedir Stolf e o Prof. Dr. Jorge Elias Kalil Filho (pela atuação na criação da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos e também pela intensa pesquisa na área de imunologia que permitiu a retomada dos transplantes na década de 80).

Presentes à mesa solene: o Secretário Adjunto da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, Prof. Dr. Antonio Rugolo Junior, que representou o Secretário, Prof. Dr. Marco Antonio Zago; o Vice-Diretor da FMUSP e Vice-Presidente do Conselho Deliberativo do HCFMUSP, Prof. Dr. Tarcísio Eloy Pessoa de Barros Filho, que representou o Diretor da FMUSP e Presidente do Conselho Deliberativo do HCFMUSP, Prof. Dr. José Otávio Costa Auler Junior; o Presidente do Conselho Diretor do InCor, Prof. Dr. Roberto Kalil Filho; o Vice-Presidente do Conselho Diretor do InCor, Prof. Dr. Fábio Biscegli Jatene; o Presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, Prof. Dr. Paulo Manuel Pêgo Fernandes.

Também foram homenageados os Profs. Drs. Miguel Barbero Marcial, Giovanni Bellotti e Rady Macruz (que participaram das equipes do primeiro transplante) e o Prof. Dr. Edimar Bocchi (da segunda geração de transplantes cardíacos do InCor). Em seguida, a Diretora do Corpo Clínico do InCor, Profª. Drª. Ludhmila Abrahao Hajjar homenageou a equipe médica do Núcleo de Transplantes, que foi representada pelos Profs. Drs. Fernando Bacal, Fábio Gaiotto, Estela Azeka e Marcelo Jatene.

Por sua atuação nos programas de transplante do InCor, receberam suas homenagens membros da Equipe Multiprofissional: Profª. Drª. Bellkiss Wilma Romano, Drªs Elaine Fonseca Amaral, Jurema Herbas Palomo, Maria Ignêz Feltrin, Mitsue Isosaki, Sonia Lucena Cipriano e o Dr. Ricardo Simões Neves.

A banda InCordes apresentou-se, ao final do evento dos 50 anos do Primeiro Transplante. Ela é formada por funcionários do Instituto do Coração do HCFMUSP. Um dos músicos instrumentistas é solista ao saxofone: o Presidente do Conselho Diretor do InCor, Prof. Dr. Roberto Kalil Filho.