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Quilombolas e assentamentos recebem vacinação contra febre amarela

 

A Secretaria de Estado da Saúde e a Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania, por meio da Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (ITESP), assinaram nesta terça-feira (29) um termo de cooperação técnica para atuar na prevenção contra a febre amarela em assentamentos e comunidades quilombolas do Estado.

O Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) estadual será responsável por avaliar o cenário próximos a esses locais, desenvolver materiais didáticos sobre a doença e formas de prevenção, bem como manter diálogo com as lideranças a fim de explicar as medidas a serem realizadas, seus objetivos e resultados esperados.

“Vamos trabalhar juntos em mais uma importante estratégia de combate à febre amarela. O cenário em SP requer medidas contínuas e integradas porque parte da população exposta ao risco ainda não foi imunizada. Por isso, temos trabalhado ininterruptamente no monitoramento epidemiológico e, em especial, na criação de ações efetivas para ampliar a vacinação e a proteção da população paulista”, afirma o secretário de Estado da Saúde, José Henrique Germann.

O ITESP vai contribuir na criação de uma interface entre as comunidades e a Secretaria da Saúde, bem como na organização dos encontros de planejamento, acompanhamento das atividades e resultados.

“Essa parceria marca a integração das Secretarias em prol da saúde de todos os cidadãos paulistas, onde quer que eles se encontrem”, afirma o secretário da Justiça e Cidadania, Paulo Dimas Mascaretti. Ele também destaca a importância da ação para proteção das pessoas que vivem nas comunidades quilombolas, notadamente em razão de registros de casos da doença no Vale do Ribeira, onde estão inseridas 29 dessas comunidades.

Os órgãos estaduais farão o planejamento com os municípios do Vale do Ribeira para definir as primeiras ações, que devem se concentrar nas comunidades quilombolas da região, que registram os 12 casos de febre amarela confirmados em SP neste ano, dos quais seis evoluíram para óbitos. As vítimas se infectaram nos municípios de Eldorado (9 casos, 4 mortes); Jacupiranga (1 morte); Iporanga (1 morte) e Cananeia (1 caso). O balanço do CVE é de 21 de janeiro.

O Governo do Estado, por meio do Itesp, reconheceu 36 comunidades como remanescentes de quilombos, onde vivem 1.445 famílias. A Fundação atende mais 7.133 famílias de agricultores familiares.

Orientações sobre a vacina

Todos os paulistas devem se vacinar contra a febre amarela, caso ainda não estejam imunizados. Moradores de qualquer região de SP precisam se prevenir contra a doença, sobretudo aqueles que residem ou visitam áreas rurais, de mata e ribeirinhas, onde há vegetação densa. A vacina está disponível na rotina dos postos da rede pública de saúde e leva dez dias para garantir proteção efetiva.

“Aos que tomarem a vacina em período inferior a dez dias a viagens com esse perfil, recomendamos que evitem adentrar áreas verdes e usem repelente, roupas compridas e de cor clara para reforçar a prevenção”, afirma a diretora de imunização da Secretaria de Estado da Saúde, Helena Sato.

A vacina é indicada para pessoas a partir dos 9 meses de idade. Devem consultar o médico sobre a necessidade da vacina os pacientes portadores de HIV positivo e transplantados. Não há indicação de imunização para gestantes, mulheres amamentando crianças com até 6 meses de idade e imunodeprimidos como pacientes em tratamento quimioterápico, radioterápico ou com corticoides em doses elevadas (como por exemplo Lúpus e Artrite Reumatoide).

Desde 2016, a Secretaria intensificou as ações de enfrentamento da febre amarela no Estado, por meio de monitoramento dos corredores ecológicos, vigilância epidemiológica e vacinação. Além do reforço nas estratégias em locais que convencionalmente estavam no mapa de imunização, as áreas com indicação da vacina foram gradativamente ampliadas antes mesmo da chegada do vírus. Isso ocorreu na Região Metropolitana de Campinas e Rota dos Mananciais, ainda em 2017, bem como a realização da campanha no início de 2018, que abrangeu 54 municípios da Baixada Santista, Vale do Paraíba e Grande ABC, culminando na totalidade do Estado.

Balanços

Nos últimos dois anos, mais de 15 milhões de pessoas foram vacinadas contra a febre amarela no Estado. O número é duas vezes maior que o vacinação da década anterior, com 7 milhões de pessoas imunizadas entre 2006 e 2016.

Em todo o Estado, a cobertura vacinal contra febre amarela é de 65%, em média, com variação entre as regiões. Na Baixada Santista, o percentual é similar. No Vale do Ribeira, a cobertura é de 66%. No Vale do Paraíba e Litoral Norte, de 85%. Todas essas regiões têm ações de imunização em curso desde o início de 2018.

“Nós estamos fazendo o acompanhamento desde o surgimento do primeiro caso de febre amarela, precisamos atender às pessoas que vivem em regiões onde a doença é uma ameaça”, explica o infectologista Marcos Boulos.

De acordo com balanço divulgado pelo Centro de Vigilância Epidemiológica, em 2018, houve 502 casos de febre amarela silvestre confirmados no Estado e 175 deles evoluíram para óbitos. Em 2017, foram 74 casos e 38 mortes.

Não há casos de febre amarela urbana no Brasil desde 1942.