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Rede Lucy Montoro completa 10 anos pela reabilitação e inclusão social da pessoa com deficiência

A Rede de Reabilitação Lucy Montoro está completando 10 anos com 18 unidades no estado de São Paulo e mais de 100 mil atendimentos por mês. Desde 2008, a Rede Lucy Montoro atende a pacientes com lesão medular, traumas, AVC (acidente vascular cerebral), e doenças degenerativas.

A Rede Lucy tem como objetivo proporcionar o melhor e mais avançado tratamento de reabilitação para pacientes com deficiências físicas incapacitantes, motoras e sensório-motoras. São realizados programas de reabilitação específicos, de acordo com as características de cada paciente.

No ano de 2009, a Rede Lucy Montoro, entrou na fase plena de implantação da Rede de Atendimento em Reabilitação de forma hierarquizada e descentralizada dentro dos parâmetros do Sistema Único de Saúde – SUS. Estão em funcionamento as unidades de Campinas, Clínicas, Fernandópolis, Lapa, Marília, Mogi Mirim, Morumbi, Pariquera-Açu, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Santos, São José do Rio Preto, São José dos Campos, Umarizal e Vila Mariana. Recentemente foram anunciadas as unidades de Diadema, Sorocaba e Botucatu.

Uma das unidades da Rede Lucy, o Instituto de Medicina Física e Reabilitação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP – IMREA HC FMUSP recebeu certificação internacional. O IMREA é a primeira Instituição brasileira a obter a certificação fornecida pela CARF, sigla em inglês para Commission on Accredition of Rehabilitation Facilities, entidade canadense mundialmente reconhecida por seus altos níveis de exigência na acreditação de centros de reabilitação do mundo. A Secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, Dra. Linamara Rizzo Battistella, declarou que a “acreditação conquistada pelo IMREA permite que o Instituto figure entre os principais centros de referência em reabilitação física do mundo”.

Os tratamentos da Rede Lucy são realizados por equipes multidisciplinares, composta por profissionais especializados em reabilitação, entre médicos fisiatras, enfermeiras, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, educadores físicos e fonoaudiólogos, entre outros.

Além das unidades presentes na capital e interior, há ainda a Unidade Móvel, uma carreta 100% adaptada, de 15m por 2,60m e 20 toneladas, destinada ao fornecimento de órteses, próteses, cadeiras de rodas e meios auxiliares de locomoção.

Desde 2009, quando foi lançada, a Unidade Móvel já atendeu mais de 2.000 pacientes e forneceu mais de 4.000 equipamentos. Conta com elevador hidráulico para atender cadeirantes ou pessoas em maca, banheiro adaptado, consultório médico, sala de espera e oficina de órteses e próteses, composta por salas de prova, de máquinas e de gesso. A equipe de atendimento é formada por médicos fisiatras, técnicos de órtese e prótese, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e enfermeiros.

Sonhos e possibilidades

Em meio a reabilitação, os pacientes podem descobrir uma nova maneira de encarar a realidade, como é o caso de José Messias da Silva, 49, que sofreu um acidente de trabalho, ocasionando a amputação acima de seu joelho esquerdo. “Nunca pensei que fosse conseguir voltar a andar. O tratamento aqui é maravilhoso e os profissionais também”, destaca José Messias. Os ganhos na mobilidade foram essenciais para ele, que é morador de Narandiba, interior de São Paulo, e faz reabilitação na unidade da Vila Mariana, capital paulista. “Tive a oportunidade de me sentir melhor que antes de sofrer o acidente e montei uma confeitaria, além de fazer curso de Turismo Rural”, completa.

No aspecto de recuperação da mobilidade, o grande desafio é voltar às atividades cotidianas, destaca Maria Cecilia dos Santos, diretora de Fisioterapia do IMREA. “Os programas da Fisioterapia visam o máximo de independência funcional do paciente, principalmente para recuperar a autonomia para realizar ações rotineiras; são exercícios específicos com o paciente no ambiente terapêutico”, complementa Cecília.

Menina Jéssica

Um dos cases de sucesso e uma das histórias mais emocionantes que passou pela Lucy Montoro foi o caso da menina angolana Jéssica. Nascida em Angola, Jéssica nasceu sem nome e sem parte da perna esquerda. Ela foi encontrada abandonada em um lixão, nas proximidades do Rio Lucola, na cidade de Cabinda, em Angola. Por conta da localidade, ela ficou conhecida por muito tempo apenas como “Neném Lucola”.

Ela permaneceu algumas semanas na neonatologia, para depois ser encaminhada à adoção, onde foi rejeitada por muitas famílias. Neste período, a angolana Elisa Tunguica, de 35 anos, voltava de uma viagem de turismo no Brasil. A policial de imigração trabalhava nos turnos de uma maternidade, coincidentemente, a mesma instituição que recebera o caso da ‘Neném Lucola’. Convidada por uma amiga, quando voltou ao trabalho, foi conhecer a criança.

“Foi paixão à primeira vista. Depois que visitei o leito, não conseguia mais tirar da minha cabeça, ainda mais sabendo que ninguém queria adotá-la. Ela tinha um olhar muito triste, estava muito doente. Aí eu pensei: por que não fico com ela? Eu nunca pensei em adotar uma criança, mas com ela foi diferente”, explica a policial.

Elisa viajou ao Brasil em busca de melhores tratamentos. Em São Paulo, a mãe adotiva procurou pela rede pública de saúde. Após a avaliação em um Postinho, Jéssica foi encaminhada ao Hospital de Base, no mesmo município da amiga. Foi ali que a menina pôde realizar a cirurgia e preparar a perna para receber uma prótese.

Logo após o procedimento, Jéssica foi encaminhada para reabilitação na unidade da Rede Lucy Montoro, em São José do Rio Preto. Através da Rede, a menina teria todo aporte de uma equipe multidisciplinar para realizar o tratamento especializado de acordo com as características do seu caso.

A Lucy Montoro é uma Rede criada pelo Governo do Estado de São Paulo voltada para a reabilitação de pacientes com deficiências físicas incapacitantes, motoras e sensório-motoras. Hoje, são 17 unidades espalhadas pelo Estado com mais de 100 mil atendimentos por mês.

“Aqui em Rio Preto nós atendemos 200 cidades do interior do Estado. A nossa unidade já transformou a vida de muitas crianças. A Jéssica é um dos nossos maiores exemplos. Quando ela chegou aqui, fizemos questão de desenvolver uma prótese sob medida, esculpida exatamente para o seu tamanho”, afirma a diretora da unidade de reabilitação do município, Regina Chueire.