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Risco de acidentes com escorpião aumenta com a chegada do verão e das chuvas

Com o aumento do calor e da umidade, crescem também os riscos de aparecimento de animais peçonhentos, como os escorpiões. Ativos principalmente nos meses mais quentes do ano, os escorpiões se escondem em ambientes diversos – como esgotos, entulhos, linhas de trens, cemitérios e até na casa das pessoas –, em busca de locais escuros.

O Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) informa que, em 2019 foram registrados 32,6 mil casos e nove óbitos relacionados a acidentes com escorpiões, 2,2 mil casos e três óbitos referente a acidentes com serpentes, 6,1 mil casos e um óbito relacionados a acidente com aranhas e 3,9 mil casos e quatro óbitos referente a acidente com abelhas no Estado.

 

Como possuem alta capacidade de adaptação, esses animais podem ser encontrados em áreas modificadas pelo ser humano, especialmente nas grandes cidades. Dessa forma, determinar um padrão geográfico para os escorpiões não é tarefa fácil. As alterações climáticas em todo o mundo têm permitido, inclusive, que esse tipo de artrópode fique ativo o ano todo.

Para evitar a presença de escorpiões no entorno ou dentro das casas, o ideal é não criar ambientes propícios para que esses animais se proliferem. “Temos que evitar lixo, entulho, material de construção, madeiras acumuladas, porque tudo isso é abrigo para os escorpiões”, revela a médica Fan Hui Wen, diretora do Núcleo Estratégico de Venenos e Antivenenos do Butantan e gestora do Biotério de Artrópodes. A especialista alerta ainda que é preciso evitar o aparecimento de baratas, já que esse é o alimento preferido dos escorpiões. “Sempre se lembrar de ter o lixo bem vedado, não deixar restos de comida abertos, porque isso vai atrair baratas e consequentemente os escorpiões”, finaliza.

“Em locais onde há incidência de escorpiões, é recomendado bater os sapatos antes de calçá-los e roupas que tenham ficado no chão”, complementa o Diretor do Laboratório de Pragas Urbanas do Instituto Biológico, Francisco Zorzenono. Ele ainda alerta que o controle de escorpiões deve ser feito por equipe competente, já que produtos domésticos são inadequados para esse tipo de animal.

Das 1.600 espécies que existem no mundo, cerca de 160 existem em território nacional. Por aqui, os escorpiões que causam os acidentes mais graves pertencem ao gênero Tityus. O escorpião amarelo, por exemplo, faz parte desse gênero e é a espécie que mais causa acidentes graves, inclusive com registro de óbitos, principalmente em crianças.

Distribuído em parte do Nordeste, Centro-Oeste, Sul e em todo o Sudeste do país, o escorpião amarelo (Tityus serrulatus) possui as pernas e a cauda amarelo-claras e o tronco escuro, podendo medir até 7 cm.

Fui picado, e agora?

Dr. Anthony Wong, do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas da FMUSP destaca que em casos de picadas de escorpião, ou mesmo cobra e aranha em crianças e adolescentes é importante que os pais fiquem calmos e, principalmente, de olho nas características do animal.   “O escorpião brasileiro é venenoso, mas não é fatal. Em adultos, a picada do bicho provoca muito dor, mas em 98% dos casos o controle pode ser feito por anestésicos ou analgésicos. Já crianças ou adolescentes até 15 anos são bem mais suscetíveis ao veneno”, explica. 

Cuidados básicos para diminuir os riscos de acidentes  

  • Manter os quintais, terrenos baldios e jardins limpos 
  • Não acumular entulho e lixo doméstico 
  • Aparar grama dos jardins e recolher as folhas caída 
  • Coloque o lixo em sacos plásticos que devem ser mantidos fechados para evitar o aparecimento de moscas, baratas e outros insetos. Eles são os alimentos favoritos dos escorpiões. 

“É fundamental que as pessoas sigam essas recomendações em casos de acidentes com animais peçonhentos e procurem, o quanto antes, o serviço médico mais próximo”, alerta o biólogo Giuseppe Puorto. 

Para saber a lista de hospitais de referência onde há soro anti-escorpiônico disponível em todo o  Estado de São Paulo, confira neste link: http://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/unidades-de-referencia/peconhentos_unidades.pdf