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Simpósio do Icesp discute espiritualidade em tratamento

O Auditório do Icesp (Institututo do Câncer do Estado de São Paulo) recebeu nos dias 9 e 10 de novembro o Simpósio de Espiritualidade e Oncologia. O objetivo do encontro foi discutir como e por que incluir a espiritualidade no cuidado ao paciente com câncer, apontando caminhos de como se abordar a questão da espiritualidade e oferecendo ferramentas que auxiliam os profissionais.

“Não há como ignorar a presença e a força da espiritualidade no dia a dia de uma grande parcela dos pacientes, familiares e equipe. Ela claramente está relacionada com a saúde das pessoas e, por isso, vemos a importância de realizarmos eventos que ampliem o debate da sua interface com a Medicina”, comenta Felipe Moraes Pereira, médico residente de Oncologia Clínica do Icesp e coordenador científico do Simpósio.

Em sua segunda edição, o evento reuniu profissionais de saúde trazendo palestras com temas como psicologia e espiritualidade, como fazer o cuidado espiritual na prática oncológica, entre outros. A partir de pesquisas científicas, nacionais e internacionais, os organizadores buscaram abordar qual a repercussão no campo da saúde de uma vida de espiritualidade e religiosidade.

Além das palestras, o Simpósio propôs a apresentação de casos clínicos para debates.

“A espiritualidade nunca deixou de fazer parte de nenhuma sociedade. Pesquisas mostram que a grande maioria dos pacientes gostaria de abordar sua espiritualidade com os profissionais de saúde. Por outro lado, muitos profissionais até gostariam de fazer isso, mas se sentem despreparados, com um buraco nas suas formações”, comentou Paulo Antônio, psicólogo do Icesp e membro do grupo de Estudos de Espiritualidade e Oncologia do Instituto.

Para ele, é importante que os profissionais de saúde conheçam essa outra dimensão do sofrimento, de ordem religiosa/espiritual, compreendendo que as pessoas podem ter determinados conflitos que não estão no campo psicológico e, sim, no campo religioso/espiritual, que muitas dores são desencadeadas com essa natureza.

Paulo, porém, observa que isso não significa que o profissional deva sair por aí “receitando religião”. “Deve se ter claro que religião não é algo que se possa receitar. ‘Religião para diminuir a dor, religião para depressão, religião para qualidade de vida’. Esse não é o propósito”.

De olho no futuro

Desde sua primeira edição, em 2016, o Simpósio vem buscando apresentar pesquisas científicas desenvolvidas no mundo todo, que tem a religiosidade/espiritualidade como objeto de investigação, mas que ainda são pouco difundidas no meio acadêmico.

“A ciência não se propõe a provar ou validar a existência de Deus ou de espíritos, mas sim, compreender qual a repercussão da religiosidade no campo da saúde física, psicológica e no campo social”, ressalta o psicólogo.

Para as próximas edições, a grande expectativa dos organizadores é muito semelhante à de outros estudiosos ao redor do mundo: a tentativa de se descobrir que tipos de intervenções se podem criar para auxiliar os pacientes, e como utilizar o conhecimento que se tem até aqui e traduzi-lo em forma de intervenção.

A organização do evento é conduzida pelos doutores Diego Tolói (Oncologia Clínica) e Tiago Pugliese (Cuidados Paliativos), pela coordenadora de Enfermagem Glenda Joyce Souza e pelo próprio Paulo.