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SP lança rede para reduzir diagnóstico tardio de HIV e acabar com transmissão vertical

Com investimento de R$ 30 milhões ao ano, programa inédito também visa aprimorar assistência integral e qualificar ações de prevenção

 A Secretaria de Estado da Saúde lança nesta quarta-feira, 2 de julho, uma rede inédita de combate à Aids que tem como meta reduzir o diagnóstico tardio e mortalidade por Aids, aumentar a população testada, eliminar a transmissão vertical (mãe pra filho), aprimorar a assistência integral e qualificar ações de prevenção.

Com investimentos de R$ 30 milhões ao ano, dos quais R$20 milhões aos municípios, no fortalecimento da rede ambulatorial, e R$10 milhões para a realização de campanhas, nova rede, a ser implantada ao longo do segundo semestre deste ano, vai se estruturar a partir de três frentes de ação: qualificar o atendimento realizado pela rede básica dos municípios, fortalecer os Serviços de Atenção Especializada em HIV/Aids e reorganizar da atenção hospitalar.

Para a rede de atenção básica, o programa prevê a capacitação dos profissionais de saúde para realizar ações de prevenção junto à comunidade e população vulnerável, disponibilizar materiais informativos, ofertar testagem sorológica, incluindo exames rápidos para gestantes em pré-natal e tratamento de outras importantes DSTs, como a sífilis.

Para fortalecer a Rede Ambulatorial Especializada em HIV/Aids, com unidades na maioria vinculadas às secretarias municipais de Saúde, parte dos recursos destinados ao programa será repassado aos municípios, para prestação de assistência durante todas as fases da doença, diagnóstico de infecções oportunistas com a indicação de profilaxia (processo medicamentoso de prevenção) e acompanhamento odontológico, psicológico, social e de enfermagem.

Já a rede hospitalar será reorganizada a partir de três níveis distintos de capacidade de atendimento – unidades estruturantes, estratégicas ou de apoio.

As unidades estruturantes precisam, entre outros aspectos, manter serviço de infectologia com referência para o tratamento de Sarcoma de Kaposi (câncer comum em portadores de Aids), cirurgias reparadoras de lipodistrofia (efeito colateral medicamentoso que provoca excesso de gordura no abdome, tórax e nuca) e apoiar pesquisas científicas.

As unidades hospitalares estratégicas necessitam manter equipes de infectologia capacitadas na rotina hospitalar da doença, no controle em regime de internação de infecções oportunistas e no diagnóstico e tratamento de agravos relacionados ao HIV/Aids.

Já as unidades de apoio devem realizar internações de pequena e média complexidade ou internações de longa permanência voltadas à assistência e a reabilitação do paciente com HIV/Aids.

Os encaminhamentos dos pacientes para atendimento hospitalar serão intermediados pela Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (Cross), da Secretaria.

Os profissionais envolvidos pela nova rede de atendimento participarão de processos de capacitação, articulados entre o Centro de Referência e Treinamento DST/Aids, o Instituto de Infectologia Emílio Ribas e a Rede de Atenção Especializadas dos municípios.

Para integrar e criar maior dinâmica de acesso ao tratamento, o programa ainda prevê parcerias com a Rede Hebe Camargo de Combate ao Câncer (doença de importante incidência entre os portadores de HIV/Aids) e ao Programa Recomeço (em virtude da vulnerabilidade dos dependentes químicos à doença).

Dos recursos previstos pelo programa, cerca de R$10 milhões serão destinados para ações estratégicas da epidemia em população vulneráveis como capacitações, campanhas e elaboração de materiais educativos.

“Trata-se de um programa de amplitude total, com objetivo de envolver a atenção básica dos 645 municípios, os 200 Serviços de Atenção Especialidade e a rede hospitalar para prevenção, o diagnóstico precoce e a assistência integral ao paciente com HIV/Aids”, afirma o secretário de Estado da Saúde de São Paulo, David Uip.

Levantamento do Programa Estadual DST/Aids aponta que, em 2012 (dado mais recente), o Estado de São Paulo registrou 2.767 óbitos pela doença, uma média aproximada de 7,6 mortes por dia.